PLUTÃO, O
MUNDO SUBTERRÂNEO - por bolores Villegas
"Quem
tem um porquê pelo qual viver pode suportar quase qualquer como." Nietzche
Jung
considerava que "o significado torna muitas coisas suportáveis... todas,
talvez". E o significado nos ajuda a transitar pela vida, intuindo ou
entendendo que tudo tem um porquê, um para quê, e que tudo é, ainda que não
pareça, para o bem, como diriam os estoicos.
Nossa
evolução e crescimento interiores vão juntos com esses períodos ou etapas de
crise. E impossível viver com profundidade e não sentir dor nem passar por
momentos de crise, depressões ou mudanças que produzam transtornos importantes.
Na
antiga China havia uma expressão muito justa para falar de crise: wei-chi,
(perigo-oportunidade). Como vemos, depende de como enfrentamos esses momentos
críticos ou oportunidades de crescimento e evolução. Algo morre, mas também
nasce algo novo. Nada permanece tal como era: ficamos sem o velho, mas é
provável que emerja algo diferente e melhor.
A
questão não é, pois, como podemos evitar a dor, a crise ou a mudança, mas como
podemos entender esses períodos da nossa vida e aproveitar deles a forma mais
positiva possível. Para cooperar com nosso crescimento, com nosso despertar
interior, é necessário que escutemos o que acontece dentro de nós.
Compreender
algo mais da linguagem da vida, tratando de desenvolver nosso verdadeiro eu
dentro do casulo da personalidade, é algo que tem muito que ver com a simbólica
linguagem da Psicologia e da Astrologia.
Nesse
caso, trata-se de ver algo mais sobre o misterioso Plutão, (um dos deuses da
mudança), cujos trânsitos pelos pontos-chave de nossa carta natal marcam os
processos de "morte e ressurreição". E verdade que Plutão nos divide,
mas o faz com um objetivo: para que possamos nos reconstruir de outra maneira.
Representa uma força que destrói nossa identidade fundada na personalidade, até
que cheguemos a descobrir nossa essência, o núcleo eterno e universal de nosso
ser.
OS MITOS PLUTONIANOS
Segundo
a Mitologia, Plutão ou Hades é o deus do mundo subterrâneo, do além, do
invisível, sempre associado aos tesouros ocultos e riquezas inimagináveis. Seu
oculto reino dentro da psique é o inconsciente, tanto em termos pessoais como
coletivos, no qual o herói ou candidato aos mistérios deverá penetrar sozinho
para conquistar o conhecimento secreto e as riquezas que não têm preço. A
vitória nas provas lhe outorgará a "pérola inapreciável'', a "joia do
eu superior". Para ganhá-la, geralmente, temos que arriscar tudo. Por meio
da mudança alcançará a consciência da imortalidade.
Hades
é a terra que alberga as sombras dos mortos, os quais esperam ali o momento do
renascimento e da ressurreição. É uma espécie de purgatório, onde, por um
processo de limpeza e depuração, as almas se preparam para a etapa seguinte de
sua viagem Nesse caso, a purificação se realizará pelo "fogo", que na
Alquimia corresponde a uma etapa da obra, a calcinatio.
Plutão
passa seu tempo tentando obter alguma reação dos milhões de sombras adormecidas
que o rodeiam, aguardando, para oferecer-lhes a "bebida que regozija”.
Nessa chave, Plutão é o iniciador nos Mistérios.
No
rapto de Perséfone (a alma humana), encontramos, na chave psicológica, a
exposição da intrusão de Plutão, o inconsciente, na mente consciente, que costuma
experimentar-se como urna violação interior, processo do qual nunca se sai
incólume. O momento do rapto é o indicado para que se inicie a mudança, quando
o sistema potencial interno recebe estímulos e põe em marcha um novo ciclo de
percepção e expressão, uma confrontação com o "destino". A pessoa
será obrigada a experimentar e mudar, para acomodar-se a uma nova visão das
coisas.
Penetrar
no inconsciente leva a uma luz e uma percepção maiores, e permite a integração
interna e o autodesenvolvimento, Plutão é o mistério que iremos, pouco a pouco,
integrando e conscientizando, por meio de suas provas de acesso
correspondentes.
Deus
misterioso, envolto em um manto de obscuridade, não costuma se mostrar aos que
não estão preparados para entrar em contato com ele. O manto disfarça o fato de
que nas profundezas do coração da obscuridade está o deslumbrante brilho de sua
luz.
É
um curador da psique, extraordinariamente, eficaz, um iniciador no caminho da
iluminação, um unificador dos opostos, aparentemente, contraditórios, mas
complementares. A realidade oculta de Plutão está representada no símbolo da
Fênix, que nos fala da imortalidade da vida que reside no interior da forma,
vida que renasce perpetuamente das cinzas do seu velho ser.
É
o triunfo da vida imortal, aprisionada na matéria, sobre a morte.
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